terça-feira, 2 de novembro de 2021

Aprimorando o português – brasileiros no exterior

Quando meus filhos eram pequenos, fiz questão de lhes ensinar o português. porém quando se tornaram adolescentes, o vocabulário ficou um pouco restrito. No colégio eles estudavam tudo em inglês e como seus amigos não falavam português, o inglês avançou e o português ficou estagnado. Tentei investir em livros, já que ambos gostavam de ler, porém os livros interessantes para essa faixa etária lhes tomavam mais tempo para ler e acabaram desistindo. Não houve forma de incentivá-los. Para minha surpresa, 8 anos mais tarde, minha filha, por conta própria, começou a se interessar não só pelo idioma, como também pelo Brasil e sua cultura.

Compartilho aqui o relato da minha filhota e as dicas que ela dá para quem deseja aprimorar o idioma. Procurei deixar o texto conforme ela escreveu, fazendo apenas correções onde a frase não estava clara; ou seja, sem corrigir a ortografia ou a gramática, para que vocês possam ver o seu nível.

 “No começo, foi só um interesse em conhecer a cultura com que eu fui criada, mas que não tive demais contato durante a minha vida. Cresci com histórias da beleza do Brasil, da riqueza da alma do povo - uma visão clara e romantizada, mas que me fez procurar conhecê-la.

Eu sempre tive um amor pela música e foi assim que comecei a embarcar na minha busca. Foi assim que encontrei artistas que eu gostava, e continuei escutando suas canções em todas as partes. Hoje em dia, os meu playlists contêm 50% de música em português, a maioria brasileira mas também de Angola, Cabo verde, e Portugal, uns 30% em espanhol, e somente 20% em inglês. Com muitas músicas em português, eu tento achar a letra delas para melhorar o meu entendimento do idioma e também das palavras contidas na música.

A música não foi o fim. Eu sempre adorei literatura, então comecei a buscar livros de meu interesse, para ler. Li primeiro os Capitães de Areia de Jorge Amado, e daí, Nós Matamos o Cão-Tinhoso, do autor moçambicano Luis Bernardo Hondwana. Na universidade, procurei ler também artigos em português (quando tinha), e quando tive oportunidade, fiz também um curso em português que me forçou a usar o idioma não só para conversar, como também para escrever ensaios.

Comecei também a ajudar brasileiros que estão aprendendo inglês pela internet, em um site chamado Tandem. Isso não só melhorou o meu português, como também me deu a oportunidade de ver as diferenças entre os dois idiomas e perceber que a minha personalidade e o jeito em que eu me expresso é diferente quando falo português e quando eu falo inglês. E eu gostava de como me sentia quando falava português. Me sentia mais aberta, mais expressiva, com mais confiança em mim mesma. E então a minha imersão no idioma foi mais além.

Quando estava no caminho para algum lugar ou sozinha fazendo algo, escutava podcasts em português, sobre assuntos que gostava, como a Caixa de Histórias, onde leem histórias e aí conversam sobre livros populares em português.

Também costumava assistir vídeos no youtube, em português e procurava guardar um diário (em português) pelo menos em alguns dias da semana. Hoje em dia já não guardo mais, mas a cada manhã, quando faço a minha lista de tarefas pro dia, faço um esforço para escrevê-la em português. 

Acabei me interessando ainda mais pela cultura, quando comecei a dançar zouk e procurei ler sobre a dança e os profissionais, em português e não só em inglês. Comecei a assistir jogos de futebol do Brasil, com comentários em português e aprendi a entendê-los,  mesmo falando com uma rapidez danada. No instagram, criei uma conta em que quase só segui brasileiros. No meu laptop, mudei o idioma padrão para o português. Comecei a cozinhar comida brasileira e quando procurava as receitas, procurava em português.

Hoje, vivo cercada pelo português, mesmo sem ter quase ninguém com quem falar o idioma. Converso com a minha mãe quase todos os dias e assim posso praticar a fala. Escuto música, leio livros, danço e crio listas pro dia, em português. Quando escrevo algo que não quero que ninguém a minha volta entenda, uso o português. Quando estou na rua, escuto português. Quando fico horas no Facebook ou no Instagram, é tudo em português.

Esses são alguns sites que eu uso para aprimorar o idioma, embora, já não use muito no momento.

Na verdade, foi só quando criei, pra mim mesma, um ambiente cheio de português, que eu comecei a entender a importância do idioma para mim, bem como a minha cultura. Foi aí que percebi o quanto eu adoro o português.

 


E aqui tem sites pra ajudar na pesquisa de música, podcasts, vídeos, conteúdo, etc. em português:

 

Agradeço de coração a todos os envolvidos nestes sites.